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Arquitetos: ADHOC architectes, Prisme Architecture
- Área: 665 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Raphaël Thibodeau
Descrição enviada pela equipe de projeto. Situada às margens do Lago St. Louis no Parque Grande-Anse, a reconstrução do Chalé Baie-de-Valois é parte de um projeto de revitalização da costa reivindicado pelos cidadãos de Pointe-Claire, em Quebec, Canadá. O edifício incorpora um grande salão comunitário, bem como espaços para melhorar a experiência e as atividades esportivas aquáticas oferecidas para os mais de 4.000 cidadãos e visitantes que passam pela região anualmente. Inspirado na estratificação geológica do terreno, o projeto reflete a paisagem ao redor; o telhado inclinado lembra uma copa de árvore, o revestimento de madeira encarna o ritmo dos troncos, e a base do edifício representa a geometria de uma linha costeira rochosa.
A geometria do telhado estabelece um diálogo interessante com o entorno, foi projetada para otimizar o ganho solar passivo e desempenha um papel importante na redução do consumo de energia da construção. O gesto que desenha o telhado se traduz do lado de dentro do edifício, criando uma atmosfera imersiva que revela de forma poética vistas do rio de tirar o fôlego. Essa cobertura repousa sobre uma série de pilares de madeira laminada (glulam) que compõe parte da estrutura híbrida de aço-madeira do edifício e incorpora uma grande clarabóia que promove a ventilação natural dos espaços e permite a entrada de luz natural no salão comunitário.
Principal elemento do projeto por sua aparência e suas propriedades ecológicas, a madeira é tanto uma fonte de inspiração quanto um desafio que acompanhou a equipe desde o início do projeto. Os recursos locais de madeira de freixo, reciclada de mudas de árvores realizadas para erradicar as infestações de praga sofridas no território, são parte integrante do projeto. Essa madeira é parte central do caráter do projeto e foi utilizada em diversos momentos, tanto no teto quanto na área externa.
Tábuas de diversas larguras foram escolhidas para minimizar as perdas no processo de transformação da madeira recuperada. O ritmo criado por essa escolha é reiterado pela opção de manter uma folga entre cada tábua, permitindo destacar os contornos do teto angular. Essas folgas permitiram inserir luminárias lineares entre as tábuas, e também esconder os sistemas mecânicos e acústicos nesse forro.
O revestimento externo de cedro branco oriental de origem local foi escolhido por sua aparência natural e sua baixa demanda por manutenção. Desde o princípio o material recebeu um tratamento manchado para imitar uma aparência desgastada e, portanto, não exigirá nenhum revestimento adicional, já que a pátina natural da madeira vai se revelar progressivamente. Uma sobreposição de vários tipos de tábuas de cedro também cria um efeito gráfico nas fachadas que realça o conceito do projeto de criar camadas que refletem a paisagem ao redor.
Além de ser um recurso estético para o projeto, a madeira também contribui para a captura e sequestro de carbono. O Centro Baie-de-Valois assume o desafio de oferecer aos cidadãos a possibilidade de recuperar as margens ao mesmo tempo em que lutam contra a mudança climática. Encaixando-se harmoniosa e naturalmente em sua paisagem, o pavilhão se revela por fora, enquanto por dentro oferece uma vista magnífica da beleza do lago.